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segunda-feira, 7 de maio de 2012

PROFISSIONAIS VIRTUAIS

publicado em 06/05/2012 às 00h00.

Profissionais virtuais

Brasil já tem mais de 1 milhão de estudantes matriculados em cursos a distância. Para especialistas, o preconceito no mercado de trabalho é cada vez menor
Fernando Poffo
fernando.poffo@folhauniversal.com.br

Reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) há 12 anos, os cursos a distância no Brasil já contam com mais de 1 milhão de matriculados apenas na graduação, sendo que há mais de 150 mil profissionais formados para o mercado, além dos estudantes que aderem à modalidade para cursos de especialização, pós-graduação, MBA, formação no ensino básico ou médio. Com cada vez mais espaço para o ensino a distância, o governo de São Paulo já anunciou investimento para a criação da Fundação Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), que poderá começar a operar já no ano que vem. O acesso à informação aumenta, mas isso significa mais mão de obra qualificada?

Para a educadora Betina Von Staa, palestrante da Educar Educador 2012, a resposta é sim. "Um programa bem feito e organizado pode fazer com que o ensino a distância seja tão ou mais eficaz que o presencial. Não é dar o conteúdo e passar a prova. Existem ferramentas em que dá para acompanhar passo a passo o aluno, verificar se visitou o espaço, e ainda registrar tudo o que o aluno vê, lê, escreve e fala. Fica guardado para análises minuciosas. No presencial, o professor não conhece os alunos silenciosos", destaca a educadora.

O atual presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância (ABE-EAD), Ricardo Holz, concorda com Betina. Aluno de curso a distância desde o 2º ano do ensino médio, quando ingressou no Telecurso 2000, Holz se formou em Gestão Pública em um curso não presencial e hoje faz MBA na mesma área, também a distância. "Prefiro pela flexibilidade de tempo. Posso estudar no ritmo e condições que preciso, mas tem que ter mais determinação e organização. Você pode estudar a qualquer hora, mas tem que assistir à aula, acessar o conteúdo, ler livros, procurar tutores e professores para tirar dúvidas", avisa Holz, que foi até a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, participar de curso sobre desafios do ensino.

Apesar do crescimento dessa modalidade, ainda há muito a evoluir. Diante dos mais de 2 milhões de cursos disponíveis, segundo o censo da Associação Brasileira de Educação a Distância, a qualidade desse tipo de formação continua sendo questionada. "Ainda tem muito aluno e instituição que acham que o curso é fácil por não ser presencial. Os alunos e os professores precisam se dedicar", afirma a educadora, que acredita no modelo para ampliar as possibilidades a quem não têm acesso à educação por questões geográficas ou falta de tempo.

Na hora de procurar emprego também existe um pouco de desconfiança, ainda que isso esteja se tornando menos comum. "Há ainda uma discussão entre os profissionais de recursos humanos do quão eficientes são esses cursos, apesar de sabermos que, no final, depende mais da dedicação de cada um", diz Ricardo Barcelos, executivo da Havik, consultoria de recrutamento e desenvolvimento de profissionais.

Já para Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação, outra empresa de recrutamento, o preconceito pode ser quebrado na entrevista. "Nessa hora dá para verificar o conhecimento e nem é avaliado se o curso tem 10%, 30% ou 100% de aulas presenciais. Se o candidato precisa falar inglês, é isso que importa. Não interessa como ele aprendeu. O mesmo vale para conhecimento em finanças ou qualquer outra área", atesta Cavalheiro, em opinião semelhante à da sócia da Acalântis RH, Fran Winandy. "Pode haver um receio na graduação, porque o aluno pode não ter a maturidade necessária, em uma pós-graduação é mais comum a mescla de aulas presenciais e on-line. Mas, se o profissional é bom no trabalho e tem experiência no mercado, não é algo que vá fazer diferença.






 

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